Conheça os ciclos do sono do bebê recém-nascido
Descubra como é o padrão do sono do recém-nascido para garantir que, nos primeiros meses de vida, ele consiga dormir bem!
O sono do recém-nascido tem padrões diferentes em relação ao dos bebês com alguns meses a mais e também de nós, adultos. Por isso, os pais, ainda que não sejam de primeira viagem, podem ter dificuldades para adaptar sua rotina com a criança em casa.
Compreender esse padrão faz toda a diferença para saber como lidar com o pequeno e garantir que ele tenha um sono de qualidade, além de um desenvolvimento tranquilo. Nos primeiros meses, tudo será diferente, porque é fundamental respeitar o padrão do recém-nascido.
Para produzir este artigo, conversamos com duas especialistas no assunto: Luciana Sales e Jéssica Thuannie*, sócias-fundadoras da Ensinando a Sonhar — Consultoria de Sono Infantil. A seguir, você verá os ciclos do sono do recém-nascido e os cuidados necessários nessa fase. Acompanhe!
Quais são as fases do sono do bebê?
Ter um bebê em casa, para a maioria dos pais, é sinônimo de não dormir. Isso é verdade em partes, pelo menos nos três primeiros meses. Afinal, o padrão de sono do recém-nascido é diferente do de um adulto.
O organismo do pequeno ainda não está regulado para um dia com 24 horas. Então, seu relógio biológico funciona de uma forma totalmente diferente, resultando em um padrão de sono mais simples.
“Até o quarto mês, em média, o sono é dividido em duas fases: a ativa, que é o sono leve, ou REM; e o sono profundo, o não REM”, explica Jéssica. A seguir, apresentamos as características de cada um deles.
Sono leve
O sono REM é chamado de ativo porque é mais leve; então, qualquer pequeno barulho pode fazer o bebê acordar. Conseguimos identificar esse estágio pois a respiração fica mais forte, com movimentos abdominais nítidos.
Os olhos se mantêm em movimento, o que pode ser percebido mais facilmente nas crianças que dormem com os olhos meio abertos. O corpo também não relaxa muito. Segundo Luciana, esse pode parecer um sono pesado, mas não é.
“É uma fase interessante, porque, nela, a gente poderia sair andando — não o bebezinho ainda, claro —, mas isso não acontece por causa de um bloqueio do cérebro”.
Esse estágio de sono do recém-nascido é muito importante porque está relacionado à consolidação das memórias. De acordo com as especialistas, é um momento de aprendizado, em que o cérebro está assimilando as informações obtidas enquanto a criança estava consciente.
E uma dica importante: quando o sono está leve, o ideal é não mexer muito com o bebê. Luciana alerta que, “ao analisar a curva de exame de polissonografia, que mede o comportamento cerebral, você percebe que a criança está se aprofundando no sono. Não existe um estágio de inconsciência; por isso, ela desperta fácil”.
Sono profundo
No sono não REM, ou seja, o profundo, o recém-nascido entra no estado de inconsciência. O corpo consegue descansar, porque a criança está totalmente relaxada, sem aquela movimentação dos olhos.
Segundo Jéssica, as características são opostas às do sono REM. “Ele está relaxado, a respiração fica leve, você mal percebe a criança respirando, e o bracinho despenca se você pegá-lo. É nítido que o bebê está relaxado”.
Nesse momento, é pouco provável que a criança acorde com barulhos ao seu redor. Esse estágio de sono do recém-nascido é fundamental para que ele consiga ter um descanso restaurador.
É o momento ideal para os pais mudarem a criança do carrinho ou bebê-conforto para o berço. Daí a importância de saber identificar esses estágios: mexer com o recém-nascido quando ele está no sono REM o fará despertar, mas, no sono profundo, isso não vai acontecer.
Por que o sono do recém-nascido é diferente?
Explicamos que, quando o bebê nasce, o seu relógio biológico ainda não está habituado ao ritmo circadiano (dia e noite). Para o organismo dele, segundo Jéssica, a cada 3 horas, é como se começasse um novo dia, realidade que se ajusta aos poucos, geralmente dando um salto de desenvolvimento no quarto mês.
Nessa fase, o organismo começa a produzir melatonina, que é o hormônio do sono. Ainda sobre a influência hormonal, não podemos esquecer que a criança produz o hormônio do crescimento (GH), que influencia seu ritmo de desenvolvimento.
Conforme o organismo amadurece, ela passa a sentir uma influência maior do ambiente, reagindo à claridade e à escuridão. Por isso, quando o pequeno recebe os estímulos corretos, o ritmo circadiano é regulado.
Luciana também relata que, nos primeiros meses de vida, cada ciclo do sono do bebê tem de 3 a 4 horas, e, para que ele não fique descompensado, essa realidade precisa ser respeitada. “Quando isso não acontece, você terá bebês que acordam a cada hora, a cada duas horas, porque não há harmonia”.
Como o sono do recém-nascido não segue os padrões de 24 horas, quando falamos de 3 em 3 horas, isso vale para o dia e a noite. Assim, a criança também precisará das sonecas diurnas, mas, segundo Jéssica, elas não podem ser por um período muito curto.
“Não podemos falar em sono rápido, porque os pais podem achar que um sono de uma hora é suficiente. O bebê, porém, vai acumulando cansaço, aumentando o nível de cortisol e adrenalina, o que vai acabar afetando o desenvolvimento, porque, não estando descansado, ele não vai absorver bem as informações”, Jéssica esclarece.
Exterogestação
Juliana ressalta que o sono do recém-nascido é diferente porque ele também está relacionado com o início da vida fora do útero. Durante três meses pós-nascimento, acontece a exterogestação, que é uma continuação do desenvolvimento orgânico e a adaptação ao mundo fora do útero.
A especialista explica que a gestação de nove meses do ser humano é uma adaptação da espécie, pois um desenvolvimento mais longo no útero traria dificuldades no parto, em função do volume do cérebro. Assim, nos três primeiros meses pós-parto, esse órgão continua se desenvolvendo, como se fosse uma gestação de 12 meses.
Portanto, até o quarto mês, o recém-nascido está passando por uma grande mudança, e o seu organismo precisa de várias horas de sono para se recuperar do cansaço e ter as condições necessárias para se desenvolver. Daí a importância de respeitar esse padrão de sono e garantir que ele tenha uma ótima qualidade.
Como criar uma rotina de sono?
No quarto mês de vida, os pais percebem uma grande mudança no bebê, inclusive no padrão de sono, o que marca um novo estágio de desenvolvimento. A criança não terá mais o sono leve e profundo, dividido em 50% e 50%. Segundo Luciana, o sono profundo é reduzido para 20% ou 25% do total. “Por isso, deve ser criada uma rotina”.
Jéssica alerta que o fato de uma criança conseguir dormir em lugares com muita luz ou barulho não significa que esses hábitos devam ser cultivados. Isso, porque, dessa forma, ela recebe muitos estímulos, fazendo com que o sono não seja restaurador.
Assim, a rotina começa com a preparação do ambiente, que deve ser tranquilo e oferecer os estímulos luminosos corretos, de modo que o organismo se adapte ao ritmo circadiano. Para estimular a liberação de melatonina, por exemplo, as luzes devem estar apagadas.
Outra questão importante é criar uma sequência para preparar a criança para dormir. Realizar todos os dias as mesmas ações condiciona o organismo, levando o cérebro a entender que é hora do descanso. Os pais podem, por exemplo, fazer a higiene do bebê e, em seguida, dar de mamar em um ambiente com menos luz.
Também vale adotar estratégias relaxantes, como um ruído branco, que é o som emite pela televisão ou rádio fora do ar ou pelo ventilador ou ar-condicionado. Ainda, pode-se colocar uma música relaxante para bebês ou usar aplicativos que imitem o som do útero da mãe.
O mais importante é que os pais entendam que o sono do recém-nascido é diferente e precisa ser respeitado em seus ciclos, porque o pequeno está passando por um desenvolvimento intenso. Então, garantir uma boa qualidade para esse descanso é fundamental.
Gostou de saber mais sobre o sono dos pequenos? Então, siga a Granado! Sempre trazemos conteúdos de qualidade como este. Estamos no Instagram e YouTube