Terrible two: como lidar com o comportamento da criança nessa fase?
Antes de sair correndo e se descabelar, venha ver nossas dicas!
O nome é intimidador, e as frustrações dos pais são reais. De repente, aquele bebê doce e calmo se transforma em uma criança nervosa e exigente, que não consegue ser contrariada. Como lidar com o terrible two?
A fase é psicologicamente cansativa; isso é fato! Precisar dizer vários nãos e fazer o filho obedecer é exaustivo. Mas, antes de ficar louca e querer sair correndo, saiba que a neurociência tem boas explicações para o famoso terrible two, e a psicologia pode trazer ótimas dicas a você.
No texto, mostramos como fazer dar certo. Acompanhe!
O que é o terrible two?
Terrible two, terríveis dois anos, é a primeira adolescência da criança. São vários os nomes para a famosa fase em que o pequeno, de repente, mostra seu lado mais agressivo e intolerante.
A neurociência tem uma justificativa para esse acontecimento. É que, durante o desenvolvimento de uma pessoa, até atingir a fase adulta, o cérebro passa pelos chamados períodos críticos. São estágios em que há grandes transformações acontecendo.
Os dois anos de idade são um deles. O cérebro passa por surtos de mielinização, principalmente no córtex pré-frontal. A mielina é uma capa do neurônio, que tem a função de protegê-lo e torná-lo mais ágil. Já o córtex pré-frontal é uma parte importante durante o processo decisório.
Assim, a criança começa a perceber melhor as suas preferências, quer expressar seus próprios desejos e precisa tomar decisões por conta própria.
Ao mesmo tempo, ela sente as emoções desagradáveis (raiva, tristeza, frustração) de forma intensa e ainda não tem maturidade para lidar com elas. O resultado, você já sabe, né? Birras e desobediências!
Mas isso tudo tem um lado positivo: a fase é importante no desenvolvimento infantil. Essa independência para querer fazer escolhas dá a ela mais autoconfiança. Se a criança passa de forma saudável por essa etapa, ela se transforma em um adulto com mais autoestima.
Quais são os sinais do terrible two?
Como saber que o seu filho chegou à temida “crise dos dois anos”? Alguns sinais podem ajudar a identificá-la:
- a criança passa a demonstrar birra com frequência, combinando atitudes como choro intenso, gritos e se jogar no chão, por motivos aparentemente pequenos;
- ela demonstra dificuldade de aceitar que não pode ter tudo aquilo que deseja, a frustração se torna um desafio para a criança;
- as variações de humor também são mais frequentes, é comum observar uma transição rápida de um estado de alegria para um estado de raiva e insatisfação;
- a teimosia também é uma característica frequente nesse período do desenvolvimento, a criança insiste em fazer as coisas do seu jeito e pode ter dificuldade em seguir regras;
- não estranhe se a palavra “não” se tornar a favorita do seu filho. Nessa fase, é comum que eles neguem tudo o que lhes é pedido.
Quando o terrible two pode ser um problema?
O terrible two é uma fase normal do desenvolvimento infantil e todas as crianças passam por ela. Porém, em alguns casos, os comportamentos podem se intensificar e causar preocupação, principalmente se os pais não estiverem preparados para lidar com eles.
Mas como saber? Se você observar que as birras são muito frequentes e intensas, se a criança apresentar dificuldade de se relacionar com outras pessoas ou houver alterações no sono, na alimentação, perda de peso, choro excessivo e outros sinais de sofrimento emocional, é recomendado buscar ajuda profissional.
Terrible two: como lidar?
Perder a cabeça é fácil, mas é bom ter em mente que os comportamentos desafiadores fazem parte da maternidade, então, é preciso aprender a lidar com eles. Essa é uma idade em que a criança começa a testar seus limites, e podemos dizer que ela está à procura de uma orientação para começar a moldar o indivíduo que será no futuro.
“Ela aprende a interagir mais, a esperar respostas pelas suas ações, e tenta sempre ver até onde consegue se estabelecer, ditar o ritmo do seu dia a dia, não medindo esforços para conseguir o que quer. Passar por essa fase faz parte do crescimento e do desenvolvimento da criança”, destaca o pediatra Fernando Majzels.
A seguir, confira algumas dicas que ajudarão no processo!
Seja firme ao negar e tenha consistência
Decidiu falar não? Vá até o fim. Ceder às birras faz você perder a autoridade, e a criança percebe que consegue manipular. Quando ela aprende que pode conquistar qualquer coisa ao agir desse jeito, toda vez que quiser muito algo, fará manha.
A consistência também é necessária. Se hoje ela não pode jogar bola dentro de casa, então, isso também deve ser negado nos outros dias. Se houver alguma exceção, explique antes o motivo e deixe claro que o combinado continua. Só não vale fazer com que as exceções se tornem as novas regras, viu!?
Mantenha uma rotina e explique o que vai acontecer
A rotina traz uma sensação de segurança, pois orienta a criança sobre o que vai acontecer. Surpresas e imposições em cima da hora só tendem a causar estresse, deixando-a irritada e tornando o momento propício para uma birra daquelas.
Assim, os horários precisam ser estruturados e constantes, com hora de comer, tomar banho, dormir, assistir ao desenho e fazer as atividades domésticas.
O estresse do terrible two também pode ser evitado ao explicar antes tudo o que vai acontecer e o que ela precisa fazer. Por exemplo: “Agora, vamos ao mercado, mas, desta vez, não compraremos balinha, está bem? Depois, vamos passar na vovó para jantar. Vai ter sobremesa lá, então, vamos deixar para comer o doce só mais tarde”. Explicar tudo é um grande passo para o bom comportamento.
Fale com calma e clareza
Os nãos precisam ter seus motivos. Fale de forma simples, na linguagem da criança e sem gritar, mas mantendo a voz firme. Às vezes, só de ela saber a explicação, já ficará mais disposta a atender ao pedido, já que a ordem começa a fazer sentido.
Ah! O comportamento do adulto, nesse momento, se torna um modelo para a criança seguir, viu? Ou seja, não dá para pedir que ela não grite nem faça manhas se, quando você se frustra com ela, começa a gritar. Combinado?
Os pais devem sempre colocar os limites para a criança, fazê-la entender que existe um basta, mas, ao mesmo tempo, dar espaço para ela se desenvolver. “Não deve existir confronto direto. Quando, por exemplo, uma criança fica incontrolável, não ria dela, não levante a voz, nem escalone o destempero”, completa o médico.
Deixe a criança escolher, mas limite as opções
É típico do terrible two que a criança queira escolher e mostrar a própria vontade. Suprir essa necessidade é uma forma de contribuir para a autonomia e autoconfiança dela.
Por isso, dê a ela opções limitadas. Por exemplo, ao se arrumar para sair, coloque em cima da cama dela dois conjuntos de roupa e pergunte qual ela prefere. Se a resposta for “nenhum”, deixe claro que essa opção não existe. No almoço, deixe-a livre para escolher o pratinho, e não o que vai comer. Se ela precisa entrar no carro, pergunte se ela prefere ir sozinha ou com ajuda. Entendeu a lógica, né?
Só tem um ponto de atenção aqui: nunca dê alternativas que você não consegue cumprir. Por exemplo, se precisam sair de casa, não pergunte se ela prefere ir ou ficar sozinha. Caso ela escolha a segunda opção, há mais frustrações, e você perde a credibilidade.
Ensine-a a lidar com sentimentos e emoções
Crianças de 2 anos sentem raiva e irritação e ficam chateadas e mal-humoradas (assim como nós, adultos). No entanto, elas não sabem como lidar com todas essas sensações. Birras, gritos e choros são formas que encontram para sentir um alívio. Assim, cabe a nós ensinar os recursos adequados.
No momento em que a birra estiver acontecendo, evite brigar, gritar ou mandá-la parar de chorar. Se possível, leve-a para um canto e ajude-a a se acalmar, para que consigam conversar com tranquilidade.
Diga que entende como ela se sente chateada e que é natural sentir isso, mas o comportamento não foi apropriado. Combine formas de ela agir da próxima vez em que ficar com raiva, como respirar fundo ou contar os números. Adotar a meditação no dia a dia também é uma ideia para evitar momentos tensos.
Ainda, vale verificar se ela está com dores ou outras necessidades. A dentição e a fome, por exemplo, costumam deixar os pequenos mais sensíveis e impacientes, o que facilita as birras.
Dê atenção positiva
Dar atenção positiva ao seu filho durante o terrible two significa reforçar os comportamentos desejados em vez de focar nos negativos. É uma estratégia que ajuda a criança a desenvolver hábitos positivos e a se sentir mais segura e amada.
Você pode fazer isso de diferentes maneiras, observando os comportamentos e elogiando a criança quando ela está sendo gentil, obediente e cooperativa. Seja específico nos elogios, ou seja, em vez de dizer: “Você é uma boa menina”, diga, “Obrigada por guardar os brinquedos, você é muito gentil”.
Também é importante que você celebre com a criança as pequenas conquistas e invista em tempo de qualidade: brinque, leia histórias e demonstre afeto pelo seu filho.
Quando é o fim do terrible two?
Geralmente, essa fase termina por volta dos 3 anos. Entretanto, é importante que você tenha em mente que não existe uma data preestabelecida, cada criança é única e a duração da fase pode variar. Alguns sinais de que o terrible two terminou incluem: diminuição das birras, melhora na comunicação e na expressão dos sentimentos, aumento da compreensão e ganho de independência.
A maternidade é cheia de desafios, não é mesmo? Por outro lado, também existem momentos gostosos e inesquecíveis, que deixam essa jornada um tanto mais prazerosa. O terrible two, como você viu, faz parte do processo natural do desenvolvimento. Assim, a fase logo passa e, por incrível que pareça, deixará algumas saudades.
Gostou de entender mais sobre o terrible two? Aproveite para conferir este artigo com 7 dicas de como lidar com a pirraça de filhos pequenos.